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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O reino anunciado por Jesus


Padre Geovane Saraiva*
Jesus, ao descer da montanha sagrada, depara-se com uma grande multidão, que começa a segui-lo. A sua solidariedade misericordiosa para com os enfermos e sofredores de toda natureza, revela de um modo profundo e inaudito, na sua vontade de cumprir a missão recebida do Pai, em favor da humanidade, carente e pecadora, com suas misérias morais, espirituais e corporais, restaurando-a e libertando-a, a partir do seu interior, das raízes.

Ao refletirmos sobre o texto do leproso, aquele homem profundamente marcado pela exclusão e marginalização religiosa e social, na dor da sua enfermidade, com a concepção da época de que, pessoas com tais enfermidades, carregavam consigo um castigo de Deus, sendo eliminadas do convívio humano, não podendo se aproximar de seus semelhantes, como uma grande dor e terrível sofrimento. O maravilhoso encontro de Jesus com o leproso, estendendo-lhe a mão e tocando-o, rompe e ultrapassa barreiras, que humanamente eram intransponíveis (cf. Mt 8, 1-4).

Nas ocasiões mais duras, exigentes e dramáticas da vida, o povo de Israel sempre se lembrava das promessas de Deus Pai, feitas em Abraão, Moisés e nos profetas e, ao mesmo tempo aguardava-as ansiosamente. Lembrar e aguardar significava para o povo continuar com aquela força, aquela mística confiante no acordo, na aliança de Javé, um Deus sempre fiel. Aliança eterna em Jesus, a vítima perfeita, servo bom e fiel, que ao assentar-se no trono da glória, oferece-nos nos a redenção.

Em Jesus, poder e vontade caminham juntos. Ao curar o leproso, o Filho Deus mostra e revela ao mundo, de um modo pedagógico, seu poder salvífico. É a realização da vontade do Pai, que se realiza, ensinando-nos o verdadeiro sentido da vida, ao nos assegurar que tudo foi feito por amor e para a felicidade de todos e não para alguns. Jesus anuncia que o reino de Deus já chegou, manifestando-se nos mais necessitados. E o  leproso é um desses, não só necessitados, mas que estaria  fora da salvação, por ter contraído uma impureza legal. A lepra deixava-o nessa condição de impuro.

Aquele homem, ao olhar para Jesus e dele se aproximar, é importante frisar, que suas palavras e gestos revelam sua fé no verbo encarnado, superior e incomparável a qualquer empecilho. Prostado, num gesto de fé e confiança, disse: “Senhor, se queres, tens o poder de purificar-me”. O leproso, totalmente curado, ensina-nos algo maravilhoso, de que os milagres de Jesus colocam diante dos nossos olhos, na mente e no coração, a beleza do poder extraordinário de Jesus, na sua força messiânica.

Aprendamos daquele homem excluído da sociedade, quando todos o asseguravam que  seria também um excluído de Deus. Quando experimentamos o sofrimento ou mesmo desiludidos e desencorajados, com nossa fé colocada à prova, surgem providencialmente, muitas vezes pessoas, como se fosse a própria mão de Deus, com palavras de ânimo, consolo e esperança. Como o povo de Deus de outrora, devemos acolhê-las, confiantes de que é o mesmo Deus presente e escondido na dor e sofrimento, revelando-se a seu povo (cf. Hb 1, 1-3). Peçamos a Nosso Senhor Jesus Cristo que nos cure de nossas enfermidades sociais e espirituais, dando-nos a graça, sempre cada vez maior, de aceitar e reconhecer, sem nunca excluir, o nosso irmão como um filho Deus que merece respeito e dignidade, que no dizer de Dom Pedro Calsadáliga, “Se a Igreja esquece a opção pelos, esqueceu o Evangelho”.

*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), e da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza.
Pároco de Santo Afonso

Autor dos livros:
“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um Pastor” - 2ª Edição (homenagem ao Cardeal Lorscheider);
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e compromisso);
"Dom Helder: sonhos e utopias" (o pastor dos empobrecidos).

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