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sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O encanto dos nomes


Na Bíblia o nome significa frequentemente uma vocação. É por isso que às vezes o nome é mudado pelo próprio Deus: para indicar que ele toma conta da pessoa escolhida e para qualificar a missão que lhe é confiada. Abrão torna-se Abraão. Sarai torna-se Sara. Simão será chamado Pedro (de pedra). Aquele que deveria chamar-se Zacarias... será João. E Saulo, a um certo ponto passa a chamar-se Paulo. O ápice de tudo isto está no nome Jesus: nele a salvação. O nome pode também indicar as circunstâncias do nascimento, o futuro previsto pelos pais, um auspício para o futuro. A aurora é sempre portadora de grandes expectativas! 

Na África acho sempre interessante perguntar às crianças o seu nome. Também aqui – os nomes de origem, não os de batismo – revelam acontecimentos, circunstâncias e sentimentos particulares. Os nomes que aqui vou referir são de língua swahili, na Tanzânia. 

Shukrani – Gratidão: Neste nome podem esconder-se muitos motivos. Talvez o agradecimento da mãe por dar à luz a primeira vez ou então por um parto feliz ou por outras circunstâncias. Seja qual for a razão, o nome é expressivo e é belo este sentimento de agradecimento a Deus. O recém-nascido será a memória perene desta gratidão. 

Matatizo – Dificuldade: Entristeço-me quando ouço pronunciar este nome. Quais serão as dificuldades que estão por trás? Na gestação? No parto? Noutras situações? Só os pais o poderiam revelar. Nunca faltam doenças, crianças que não podem ser educadas, falta de alimento, relações perturbadas. 

Safiri – Viajar: Pode significar que a mãe deu à luz no caminho ou então quando se encontrava longe de casa. É certo que um nome qualifica bem um tanzaniano. A estrada é frequentemente a sua casa: porque é preciso ir para longe, em busca das coisas ou porque os parentes moram longe e é preciso visitá-los levando e trazendo notícias. A distância não tem importância. Tudo isto hoje é radicalmente alterado pelo uso do telemóvel. Todos conhecem um lugar onde haja rede para as chamadas. Há pouco tempo ainda, em plena floresta, foi-me indicada uma área de pouco mais de um metro quadrado onde era possível enviar e receber chamadas. Não sei como a descobriram. Como sempre a necessidade aguça o engenho. Devem ter procurado, procurado… e encontraram. 

Mashaka – Dúvida: Dúvida se a mãe pudesse ter um bom parto ou se o recém-nascido pudesse viver? Aquele a quem perguntas o nome diz simplesmente «Mashaka», e talvez nunca lhe tivesse sido revelado o motivo. Não se trata certamente de uma dúvida teórica, mas prática, vital. 

Majuto – Arrependimento: É óbvio que alguns nomes revelam condições concretas, pessoais ou familiares, que só os pais conhecem.

Usumbufu – Incómodo: É possível que no ventre da sua mãe o feto desse pontapés. Ou então que a gravidez tivesse sido particularmente difícil. Não esqueçamos que os partos, sobretudo nas aldeias, são numerosos. E a mulher não tem os benefícios pré-natais ou pós-natais de outros países. Ela trabalha até ao último minuto: a cultivar os campos, a apanhar lenha, lavar e cozinhar. Mas é sempre a mãe que dá as boas vindas à vida, com alegria e gratidão.


Fátima Missionária

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